segunda-feira, 26 de abril de 2010
A SUPREMACIA NORTE-AMERICANA (E. Médio)
A supremacia norte-americana
Os Estados Unidos são responsáveis por cerca de 25% de toda a produção de bens e geração de serviços no mundo, ou seja, um quarto do PIB mundial (cerca de 11,7 trilhões de dólares, em 2004), índice superior à soma do PIB dos outros três países mais ricos do mundo (Japão, Alemanha e França). No início do século XXI, 60 das 100 maiores empresas do mundo em valor de mercado eram norte-americanas. Com cerca de apenas 6% da população do planeta, os norte-americanos consomem 25% da energia gerada no mundo, considerando todas as fontes energéticas. Eles respondem também por cerca de 20% das importações mundiais.
Vários países, inclusive alguns desenvolvidos, dependem dos Estados Unidos, em termos de comércio exterior. O Japão, por exemplo, a segunda maior economia do planeta (PIB de aproximadamente 4,7 trilhões de dólares, em 2004), realiza cerca de um terço de suas exportações para o mercado norte-americano.
Portanto, os Estados Unidos exercem uma supremacia econômica, apesar da existência de outros centros de poder econômico como a União Européia e o Japão. Essa preponderância é muito maior quando se considera também o aspecto político-militar e se manifesta até mesmo nas decisões tomadas pela ONU (e pelos países que a integram), que age, com freqüência, para atender aos interesses norte-americanos. Manifesta-se, ainda, nas políticas estabelecidas pelos organismos internacionais, como o FMI e o Banco Mundial.
Os Estados Unidos atingiram uma posição privilegiada em termos de capacidade bélica. Tal situação foi alcançada por causa do seu aparato tecnológico aplicado à estrutura militar e outros equipamentos bélicos, ao uso de satélites artificiais e radares, a sua frota de porta-aviões (cada qual com um poderio superior ao da maior parte dos exércitos do mundo), aos submarinos nucleares e a sua força aérea, que inclui aviões que não são captados por radares. O orçamento militar anual dos Estados Unidos, sozinho, é equivalente aos orçamentos de todos os países do planeta reunidos. No entanto, como mostraram os atentados de 11 de setembro de 2001, os norte-americanos, mesmo em seu território, não estão a salvo de ataques externos.
Apesar dessa supremacia, é preciso ressaltar que o modelo de desenvolvimento dos Estados Unidos – ou seja, a maneira como atingiram tão amplo poder político internacional e o próprio modelo de vida da sua população – não é considerado um exemplo a ser seguido por muitos países. Esse modelo tem sido, ao contrário, alvo de críticas internacionais, principalmente quando se leva em conta a política externa norte-americana, que promove invasões, guerras e participa na deposição de governos em diversos países; os vultosos gastos em armamentos; o intenso uso de recursos naturais (os Estados Unidos gastam sozinhos aproximadamente 25% de tudo o que o mundo consome), em boa parte sem envolver processos de reciclagem, reutilização ou reaproveitamento, o que gera grande quantidade de lixo e poluentes.
A política externa norte-americana e a geopolítica mundial.
Do ponto de vista geopolítico, a ordem mundial inaugurada após a Guerra Fria passou a ser comandada pelos interesses dos Estados Unidos, respaldados por sua incontestável supremacia militar. A multipolaridade econômica que caracteriza o mundo atual tem como contrapartida a unipolaridade militar, centralizada no poderio norte-americano.
A política externa norte-americana, no início do século XXI, tem sido marcada pelo unilateralismo, ou seja, os Estados Unidos vem tomando medidas que, independentemente das posições e necessidades de outros países, visam atender a seus interesses e manter sua supremacia.
Alguns exemplos de medidas unilaterais tomadas pelos Estados Unidos:
Recusaram-se a ratificar o Protocolo de Kyoto, aberto para assinatura em 1998, por considerar que ele iria restringir seu desenvolvimento econômico, devido às metas propostas para a redução da emissão de gases nocivos (CO2, principalmente);
Retiraram-se da conferência mundial contra a discriminação e o racismo, realizada na África do Sul, em 2001;
Não assinaram os termos para a criação do Tribunal Penal Internacional
Aumentaram o protecionismo comercial de alguns produtos agrícolas e industriais, prejudicando as exportações de vários países, inclusive o Brasil;
Lançaram uma ofensiva militar contra o Iraque, junto com o Reino Unido, sem a aprovação da ONU, para derrubar o governo de Saddam Hussein.
Os Estados Unidos reagiram ao atentado terrorista de 11 de setembro de 2001 invadindo o Afeganistão. Em 2001/2002 atacaram aquele país com o pretexto de eliminar terroristas lá instalados, principalmente Osama Bin Laden, líder do grupo islâmico Al Qaeda, acusado de planejar o ataque.
Os norte-americanos derrubaram o governo afegão, liderado por religiosos islâmicos radicais (os talebans), e ocuparam o país. As intervenções militares no Afeganistão, e posteriormente no Iraque, foram alicerçadas por uma nova política, que justifica a ação dos Estados Unidos, independentemente da aprovação da ONU; a doutrina da guerra preventiva.
No entanto, no caso da guerra contra o Iraque, em 2003, não havia nenhuma evidência de que o país constituísse uma ameaça de fato, ou imediata, aos Estados Unidos ou a qualquer outro país do Oriente Médio. Não havia nenhuma prova de que o governo iraquiano estivesse ligado à Al Qaeda (como denunciavam diversos membros do governo norte-americano e da Grã-Bretanha), financiasse qualquer outro grupo terrorista ou possuísse armas de destruição em massa. Muitos analistas indicam que o ataque de 11 de setembro criou condições favoráveis e serviu de pretexto para que os Estados Unidos atuem no mundo de acordo com seus próprios interesses econômicos, impondo sua presença e domínio a regiões estratégicas do planeta, independentemente das decisões internacionais mediadas pela ONU.
Além da ofensiva no Afeganistão, outras reações do governo dos Estados Unidos aos atentados terroristas provocaram mudanças internas e externas: por exemplo, a definição, por parte dos Estados Unidos, do chamado “eixo do mal”, composto por Coréia do Norte, Irã e Iraque, países que, na visão norte-americana, apóiam o terrorismo internacional; o estabelecimento da Doutrina Bush; a aprovação de leis que restringem os direitos civis, como a permissão para grampear telefones e prender estrangeiros suspeitos por tempo indeterminado.
Na tentativa de evitar ataques semelhantes, alguns países da Europa Ocidental também passaram a controlar com maior rigor o fluxo de imigrantes. Além disso, nesses países tornaram-se mais comuns várias ações que violam os direitos civis individuais, como o uso de câmeras, o rastreamento de mensagens eletrônicas, o grampo de ligações telefônicas etc.
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